FINITA EM FRANCÊS
Acaba de sair em francês, na excelente tradução de Cristina Isabel de Melo, o segundo diário de Maria Gabriela Llansol, Finita, a partir de agora disponível nas livrarias de França, ou através do site da editora Pagine d'Arte. A edição vem acompanhada de fotografias de Erika Koch e de um prefácio de João Barrento, que escreve a propósito:
Como a voz
de escrita que se ouve em cada dia deste diário (e que não é um eu que exibe o
seu dia-a-dia, mas um espírito em diálogo íntimo), cada fotografia é mais um
registo, diferido, de um espaço e de uma vida que, sendo estritamente privados,
são os mais universais. Essa universalidade vem-lhes da sua radicalidade e da
sua simplicidade, e é inseparável do risco que se corre na «saída para o
movimento» que implica «adoptar o deserto» no meio da agitação absurda do mundo
gregário, a caminho do «encontro do só com o só», ou na autêntica «experiência
da língua» (das linguagens, também das visuais ou conceptuais), numa travessia
arriscada contra as máscaras do Ser. Escrever este diário, tal como apontar a
objectiva para aquilo que se esconde na distância do tempo, mas se dá a ver nos
interstícios de algumas das suas páginas, significa, para quem escreve, para
quem lê e para quem fotografa – é o texto que o diz –, «arriscar o destino nas
dobras que apuram o silêncio: os ambientes e geografias que criamos são o nosso
íntimo exposto».