31.5.19

LLANSOL EM PARIS

No próximo dia 6 de Junho será apresentada na Fundação Gulbenkian em Paris a antologia francesa de textos de Maria Gabriela Llansol que organizámos para as edições Pagine d'arte, À l'ombre du clair de lune.


26.5.19

«PORQUE HÁ UM CONTRATO...»
O Vivo e a tecitura do mundo


Tivemos ontem no Espaço Llansol uma sessão viva sobre o Vivo. Com a participação da Profª Teresa Cadete (jubilada da Faculdade de Letras de Lisboa), escritora e até há muito pouco tempo Presidente do PEN Clube Português, com uma permanente intervenção em áreas como as do Comité dos Direitos Humanos, dos Escritores para a Paz, da luta contra o Acordo/Aborto Ortográfico... Apresentámos mais um caderno de textos de Maria Gabriela Llansol sobre o tema, e pudemos ver uma dupla exposição: de livros, cadernos manuscritos, documentos da biblioteca e do espólio de Llansol, e de painéis com fotografias legendadas que mostravam alguns dos «Vivos» que acompanharam a Maria Gabriela ao longo da vida – do gato Fanfan da infância à Melissa de Sintra e aos muitos gatos dos anos da Bélgica e de Colares, de Prunus Triloba ao pinhal de Colares e ao Grande Maior da Volta do Duche e ao cão Jade...





O ponto de partida foi o titulo que Teresa Cadete encontrou para a sua exposição: «Presos no tecido do mundo», que implica desde logo uma visão holística, de interdependência e cooperação entre todos os agentes do Vivo:

Porque há um contrato... um «acordo de criação»... É o homem que tarda no cumprimento 
da sua parte do acordo.
Aliás, todo o movimento do texto e das figuras de desenrola numa respiração ampla, marcada
por uma sístole e por uma diástole. A sístole é aguda e está a cargo do Homem, que tem por
incumbência perscrutar. A diástole compreende os graves, que estão en contacto com as
fontes de alegria. Sempre se pediu que a alegria fosse profunda, como o amor. Os graves
estão a cargo dos animais e da terra. (M. G. L., entrevista «O espaço edénico»)


Abordaram-se em seguida algumas questões subjacentes aos textos de M. G. Llansol que incluímos no caderno Llansol: O Contrato com o Vivo, para os amplificar com considerações sobre o estado actual dessa antiga dialéctica tensional entre os contratos – o social (de Rousseau) e o natural (de Michel Serres) – e sobre a relação entre os universais antropológicos da espécie humana e os direitos de todas as outras «entidades» do Vivo. Teresa Cadete proporcionou-nos uma perspectiva informada e crítica sobre essa grande construção a que Llansol sempre chamou o seu «projecto do Humano»:

A ideia de que tudo o que não é humano tem, tal como o humano, necessidade
de redenção, é vital para a nossa continuação aqui, ou noutro lugar.
(M. G. L., Onde Vais, Drama-Poesia?)

As propostas de leitura do Vivo com recurso a teorias sistémicas de teor holístico revelaram-se, sem surpresa, muito próximas do pensamento sobre o Vivo e o Humano que encontramos nos textos de Llansol. Os três tópicos evocados por Teresa Cadete – os elos da cadeia do Ser, a ciclicidade regeneradora da natureza (contrária aos ciclos industriais e à fatídica ideologia do «crescimento» que nos dominam) e o princípio da cooperação (e não destruição) para manter o equilíbrio da vida no globo – encontraram naturalmente as suas correspondências em M. G. Llansol:

A grande e profunda tristeza dos humanos (e também das outras espécies) vem-lhes de 
terem perdido o anel. Esta realidade tem especial incidência em nós, porque só nós
podemos decidir deixar o outro ao abandono. Coisa que um bicho, uma planta, o cume
de uma montanha, o curso de um rio nunca fazem...
Não reprimas o desejo profundo de beleza, mas nomeia as relações que nascem entre os 
seres e as coisas, entre o vivo e o inerte. A beleza está ligada ao inesperado, ao novo; odeia 
o monótono, o fixo pelo fixo, e seguro por medo; impele o movimento e, sobretudo, inscreve 
no vivo um princípio de bondade... («O espaço edénico»)


Convocámos, na discussão animada que se seguiu, muitos nomes, livros, ideias (Rousseau e Adam Smith, Spinoza, Goethe e Schiller, Luc Ferry e Michel Serres, Emanuele Coccia e José Tolentino Mendonça...), para concluirmos que não há no «projecto do Humano» de Llansol propriamente uma utopia – pelo menos no sentido clássico do termo –, mas antes a afirmação de um «princípio esperança» (como o de Ernst Bloch e da sua «utopia concreta») e a construção livre e des-hierarquizada, evolutiva e convergente, de uma ucronia que convoca para o seu texto toda a pluralidade do Ser, segundo um duplo princípio «sensualético» de bondade e de beleza:

A folha erótica
A folha erótica não é de um caderno, de um livro_______ é de uma árvore. Tem um grito 
cantante, de animal, depositado nas nervuras. Não sei a que ramo vegetal de vida pertence. 
É como eu...
Se o erótico for sempre a manifestação de um instinto genésico, isto é, corresponder 
sempre a um instinto criativo feliz________ se o orgasmo for a última pedrada na folha 
resplandecente
que não se magoa,
mas voa,
se, voando, deixar a mesma folha que era no ramo_______
se o luar libidinal for o último azul do verde da folha erótica,
então ficarão arrumadas as palavras
que pronunciaram como a felicidade tinha sentido e era o único espaço de procriação...
(Caderno 1.51, 16 de Julho de 1998)


20.5.19

LLANSOL E IBN 'ARABÎ EM REVISTA

Acaba de ser publicado online o número VI, de 2019, da revista El Azufre Rojo (O Enxofre Vermelho), revista de estudos sobre o místico sufi Ibn 'Arabî, editada pela MIAS Latina, a Sociedade Ibn 'Arabî de Murcia.

Este número reproduz as intervenções do Colóquio A Imaginação do Amor, que teve lugar em Lisboa em 2017, com organização do Espaço Llansol, da MIAS Latina e do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, com participação portuguesa, espanhola e brasileira.
Todas as intervenções – e ainda um depoimento pessoal da Profª Christine Gruwez, que conheceu Maria Gabriela Llansol no exílio da Bélgica e a introduziu ao místico sufi – podem ser lidos na versão PDF a que se pode aceder através do seguinte link: https://revistas.um.es/azufre/issue/view/17961/1171

14.5.19

LLANSOL: O CONTRATO COM O VIVO

No próximo dia 25 de Maio, pelas 16 horas, teremos mais uma das nossas habituais sessões exploratórias do universo Llansol, desta vez em torno da presença do «Vivo» (toda a natureza, plantas, animais e até os chamados «inertes») na sua Obra e na sua vida. Conversaremos com a Profª Teresa Rodrigues Cadete, da Faculdade de Letras de Lisboa, sobre este tema tão actual, mostraremos um video feito para o nosso encontro da Arrábida por Regina Guimarães e Saguenail, ainda com Maria Gabriela Llansol, em 2003, daremos a ver documentos, livros e fotografias sobre o tema, e o público lerá textos de Llansol sobre o Vivo.
Nesse dia, como diria a Maria Gabriela, seremos todos «Vivos no meio do Vivo». E poderemos lê-la, como habitualmente, em mais um dos nossos Cadernos de Tejo-Rio dedicados a este tema.

8.5.19

LLANSOL PELO MUNDO

Dois eventos em torno de Maria Gabriela Llansol, que continua a fazer caminho entre nós e pelo mundo:
1. Hoje, às 19 horas, Maria da Conceição Caleiro lerá Amar Um Cão e conversa com o público na livraria Snob/Cossoul em Lisboa (Rua Nova da Piedade, 66).


2. No dia 14 de Maio, das 12.30 às 13.30h, Ana Rita Reis, Doutoranda da Universidade de Coimbra, frequentadora regular para investigação no Espaço Llansol desde Sintra, actualmente Leitora do Instituto Camões na Universidade de Guadalajara, México, fará uma conferência em que põe em contacto Maria Gabriela Llansol e o escritor chileno Roberto Bolaño.