19.2.12

LETRA E
De Twainy a «Pessoa-Bach em Llansol»


Na última sessão da «Letra E», Hélia Correia falou do seu livro mais recente, A Chegada de Twainy, lembrando como a sua génese, e algumas das suas figuras, estão intimamente relacionadas com a casa de Sintra onde nos encontramos. E não será também estranho aos lugares e às atmosferas do livro todo o envolvimento da Serra de Sintra, seus arredores e outras casas neles: «Serpenteia, a Menina-Fungo, recebeu-as com amabilidade. A sua sala era cheia de livros e papéis, de bonecas e plantas, de almofadas. Pela janela avistava-se a encosta da serra e lá no alto aquele palácio que parecia construído por duendes, todo amarelo e róseo, tão sem peso...» Etc., etc.
Albertina Pena falou do livro para a assistência miúda e graúda, lembrando como nele se sugere que «nas comunidades de pertença, ou no seu afastamento, moldam-se as entidades e os carácteres. Ao viver com plantas fica-se planta, ao viver com gente pequena fica-se pequeno, ao viver com gatos fica-se gato, ao viver de pensamentos fica-se pensamento. Se nos afastamos, criamos ou adquirimos outra forma. Nos percursos de afastamento perdem-se umas características e ganham-se outras. E é sempre certo que procuramos seres de entendimento.» Twainy vai passando por tudo isto e entendendo tudo isto. E, conclui Albertina, «Twainy chegou também às nossas vidas. Seremos capazes de a ver? De a entender? Reconhecemo-nos em alguma das fases do seu processo de transformação? Twainy exige de nós fases de transmutação, por forma a sermos seres de visibilidade própria, livres da imposição da invisibilidade, da indiferença alheia, porque 'o pior de tudo é não saber a espécie de acontecimento que nos acontece'».

(Fotos: Vina Santos e Filipe Monginho)

A próxima sessão, no sábado 25 de Fevereiro, abre o ano subordinado ao tema «Pessoa e Bach na casa de Llansol», com a apresentação da peça do compositor João Madureira «ECO, ou Bach em Pessoa», feita a partir da Arte da Fuga, de Bach, e que ele próprio comentará. Para esta ocasião preparámos uma pequena exposição de fotografias e materiais do espólio (páginas de cadernos e de dossiers dactiloscritos, papéis avulsos, etc.) ligados às figuras de Pessoa e Bach nos inéditos de Maria Gabriela Llansol, que completará neste dia a da juvenilia llansoliana que está patente desde a inauguração da Letra E, em 28 de Janeiro.
Como sempre, sessão aberta a toda a gente. Às 17 horas. E quem vier mais cedo pode ainda visitar o arquivo onde trabalhamos no espólio de Llansol, na porta em frente.

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