7.3.08

MARGENS?


Há marginais da chamada crítica – coisa que já não existe, mas em que eles continuam a acreditar – que não se vêem ao espelho. Se o fizessem, veriam que quem anda pelas margens são eles, que são eles os dispensáveis, hoje e muito mais daqui a uma geração. Julgam-se no centro, pavoneiam-se, mas daqui a pouco... puff – foi um ar que lhes deu, ninguém se lembrará deles.
Llansol não é, nunca foi, marginal. Esteve sempre bem no centro, precisamente por ser luz escondida. Sem mística, nem sacra nem laica – quando é que essa gente perceberá isto? (quando a lerem!). E os «críticos» que teve e tem... «entusiastas»? Só isso? Ou críticos com todas as letras, isso mesmo, críticos críticos, como o não são os amanuenses de picar o ponto em jornais e blogs? Serão críticos «entusiastas» Eduardo Prado Coelho, Manuel Gusmão, António Guerreiro, Silvina Rodrigues Lopes, Pedro Eiras ou Manuel de Freitas? O adjectivo passa a milhas de distância do que têm escrito sobre Llansol...
Llansol, que não é Rimbaud nem Villon nem outro qualquer, porque é ela mesma (coisa que não é difícil de reconhecer para quem a ), nunca será «intrinsecamente marginal», pela simples razão de que é intrinsecamente central na escrita contemporânea. Naquilo que escreveu – a única coisa que importa e lhe importava – não há lugar para a «anedota biográfica». Toda ela é escrita sem-eu, como a melhor da melhor entre modernos e contemporâneos (escuso-me pelos adjectivos, que não gosto de usar, nem quando eles são justos e se ajustam ao objecto): o osso da palavra e o movimento das coisas na linguagem, mais nada. Nem romance nem novela, nem prosa nem poesia. Simplesmente escrita, texto, como ela sempre dizia e escrevia – sem «Obra». Essa, é para os patos-bravos.
João Barrento