FRASES IMAGENS COLA
Já está nas livrarias o livro com vinte desenhos de Augusto Joaquim feitos sobre o texto de Maria Gabriela Llansol Amar Um Cão (que o volume também reproduz), acompanhados de um testemunho escrito do autor ("Geometria de frases imagens cola») e de uma nota de João Barrento. A série de desenhos nasceu das discussões do Grupo de Estudos Llansolianos sobre Amar um Cão em 2002, como se pode perceber pelo texto do Augusto. Dele e da nota final extraímos dois excertos que poderão despertar a curiosidade dos interessados, mas nunca substituir o prazer de olhar para estas colagens delicadas e originais e cruzá-las com o texto de Llansol.
Foi nessa tarde, já em casa, que comecei os desenhos. Em apenas alguns dias, desenhei uns cinquenta sobre papel reciclado —
traço a lápis
(um cão e uma jovem [de costas], figuras geométricas, um cão e outros cães, um cão a correr atrás de pássaros gigantes, um coreto, um cão a transformar-se num pássaro gigante, grande prato de leite)
foram construindo a figura que tanto me ensinara
num texto subtil mas não malicioso.
(Augusto Joaquim)
Foi nessa tarde, já em casa, que comecei os desenhos. Em apenas alguns dias, desenhei uns cinquenta sobre papel reciclado —
traço a lápis
(um cão e uma jovem [de costas], figuras geométricas, um cão e outros cães, um cão a correr atrás de pássaros gigantes, um coreto, um cão a transformar-se num pássaro gigante, grande prato de leite)
foram construindo a figura que tanto me ensinara
num texto subtil mas não malicioso.
(Augusto Joaquim)
O tempo na ponta do lápis
«Este texto tornou a minha vida improvável», escreveu um dia Augusto Joaquim, referindo-se à Obra de Maria Gabriela Llansol. E ao dizer «improvável» queria dizer: à prova de prova. Porque uma vida não prova nada, nem tem de ser provada, acontece-nos ou não nos acontece.
Sobre aquela Obra, de dentro de um breve texto dela – a sequência de intensidades escrita por Maria Gabriela Llansol com o título Amar Um Cão (1990) – nasceram estes desenhos. O dinamismo da relação entre traço, blocos de texto, fragmentos colados, indicia uma busca e quer captar uma vibração. Cada folha reage, com pontos de interrogação, a momentos concretos da escrita de Llansol. O texto age como uma mónada que se abre e fecha, pontuada de focos de luz que se acendem e se apagam. A interrogação maior, a que os desenhos procuram co-responder, é: Nasce-se como? Morre-se como? Como se age entre estes dois pontos, que relações se tecem entre os seres, homens ou cães (um deles, de nome Jade, foi um dos seres que o Augusto mais amou)? Como se chega, nesse percurso, a receber o «dom poético» e a praticar a «liberdade de consciência»? E a resposta, que é a de todo o texto de Llansol, está num dos desenhos: «Ficamos no tempo? Sim, ficamos.» Para viver o Ser no Tempo de forma plena e múltipla.
(João Barrento)Sobre aquela Obra, de dentro de um breve texto dela – a sequência de intensidades escrita por Maria Gabriela Llansol com o título Amar Um Cão (1990) – nasceram estes desenhos. O dinamismo da relação entre traço, blocos de texto, fragmentos colados, indicia uma busca e quer captar uma vibração. Cada folha reage, com pontos de interrogação, a momentos concretos da escrita de Llansol. O texto age como uma mónada que se abre e fecha, pontuada de focos de luz que se acendem e se apagam. A interrogação maior, a que os desenhos procuram co-responder, é: Nasce-se como? Morre-se como? Como se age entre estes dois pontos, que relações se tecem entre os seres, homens ou cães (um deles, de nome Jade, foi um dos seres que o Augusto mais amou)? Como se chega, nesse percurso, a receber o «dom poético» e a praticar a «liberdade de consciência»? E a resposta, que é a de todo o texto de Llansol, está num dos desenhos: «Ficamos no tempo? Sim, ficamos.» Para viver o Ser no Tempo de forma plena e múltipla.