O afecto toma notas. Cinge-o à cadeira em que está sentado, sentindo, desde a madrugada,
o sol a florescer pela janela.
Revolta rápida, a do afecto. Tem pressa de chegar ao alvo do problema, que se torna branco ___ uma autêntica pérola. A mãe.
O seu segredo é minúsculo e insondável, as núpcias da mulher amada com outro. Mas pressente que só o que conseguir enterrar na paisagem das ruas subsistirá. O resto é veneno, cobra, mordedura, que não consegue chupar se não for escrito;
nesta meditação,
o afecto lhe responde, e mais uma vez lhe diz “e o labirinto evasivo das ruas?”
Spleen, tédio, cafard. Imagina que toma café com alguém que se vai acendendo, como uma lembrança longínqua, na mão. Qual? Que lhe beija a mão, e ela desaparece, deixando-o a escrever e a ver na frente quem quiser. Basta o pulso que escreve desejar.
É o pulso que escreve. Os dedos orientam apenas a escrita. E quem lhe chama poema é o pensamento rotineiro, que não encontrou ainda outro nome. Mas não me iludo. Escrita esconde o que esconde _____
10.9.07
Publicado às 00:20