26.2.21

OS SONHOS DE LLANSOL

E O SONHO DOS POBRES DA HISTÓRIA

O Expresso de hoje traz-nos, na página da crónica regular de José Tolentino Mendonça «Que coisas são as nuvens», a confirmação de que «somos mais feitos de acasos que de escolhas», como um dia escreveu um filósofo alemão do nosso tempo. De facto, o cronista, hoje cardeal e llansoliano de longa data, conta como descobre por acaso numa livraria, lado a lado, como na biblioteca dos «laços de família» (temáticos e históricos) que era a de Aby Warburg, dois livros que, à primeira vista, nada têm a ver um com o outro: o ensaio de Éric Vuillard A Guerra dos Pobres (D. Quixote, 2020) e o Livro de Horas de Maria Gabriela Llansol O Sonho é um Grande Escritor (Assírio & Alvim, 2020). 

Mas de facto há afinidades entre os dois. Para além da figura tratada no livro de Vuillard, o «teólogo da revolução» Thomas Müntzer, ser figura central na primeira trilogia de Llansol, um dos «filhos do nada» que se sacrifica por uma humanidade mais humana, os dois livros tratam de facto da mesma matéria, a matéria dos sonhos de que vive cada um e toda a História humana, num caso o sonho como alimento da escrita, no outro como a mola essencial dos «pobres» e dos «rebeldes» dessa História.

O texto de José Tolentino Mendonça pode ler-se aumentando a imagem que se segue: