8.12.19

A ESCOLA QUE ERA UMA CASA

Da sessão de ontem, em que apresentámos a nossa edição mais recente da colecção «Rio da Escrita, que documenta a experiência das Escolas fundadas por Llansol e Augusto Joaquim em Lovaina nos anos setenta, retemos o excepcional comentário de Pascal Paulus (do Movimento da Escola Moderna, e que já se movia neste meio nesses anos em Lovaina) e a intervenção esclarecedora de Albertina Pena sobre os materiais do espólio de Llansol que documentam abundantemente esse projecto, com textos escritos e centenas de slides, fotografias, trabalhos de alunos, e sobre o modo de funcionamento dessa «comunidade incomum», des-hierarquizada e experimental, no sentido mais autêntico e criador do termo. 
 João Barrento com Pascal Paulus e Albertina Pena

Disso dá conta uma sugestiva anotação, que transcrevemos no livro, do «Caderno das Escolas» do espólio de Llansol, onde, ao longo dos anos de 1976-77, vai registando a sua «Observação participativa» dessa experiência pedagógica que durou uma década:

30 de Novembro de 1976
Na rua de Namur éramos uma Escola inteligente, mas a nossa opção era híbrida. Havia causerie [conversas] perfeitamente adaptada a seus fins: confrontação do corpo, ora com uma explosão ora com uma economia de movimentos.
Abertura do caminho de acesso a vários planos e realidades simbólicos, o que permitia deslocações e reajustamento da vida emotiva das crianças, e consequentemente uma maior mobilidade psíquica.
Havia longas horas em que crianças e adultos desenhavam a brincar como amigos que jogando descobrem que deram seus passos e estão agora um pouco mais além.
(Caderno 2.08, pp. 18-19)

As imagens que se seguem, e que foram integradas no livro, darão uma imagem do quotidiano da escola intencionalmente chamada «La Maison», «uma casa-escola que pretende funcionar como uma contra-escola» (Albertina Pena no prefácio), um lugar de formação integral e de vida plena, muito para além dos modelos de «instrução» da escola convencional e oficial.