… E A CASA VOOU…
Ontem, no Espaço Llansol, a casa voou, tudo nela se transformava, a animação foi grande, com as crianças que vieram para ouvir ler a história Oh, oh, oh, a Casa da Avó, escrita há muitos, muitos anos por Maria Gabriela Llansol e as crianças do «Contra grupo Alpha» da Escola La Maison, na Bélgica:
Há uma fonte clara
Mesmo no meio do
quarto.
O amor cai e inunda,
Corre pela água
funda.
A gatinha
sábia-selvagem
Sabe que é só uma
imagem.
Pelo bordo da fonte
clara
Corre, amorosa, a
água.
A gatinha
sábia-selvagem
Sabe que é só uma
imagem.
Esvazia-se a fonte
clara
Gota a gota, a água vai
Enchendo o pequeno
quarto.
A gatinha
sábia-selvagem
Sabe
que é só uma aragem.
E as crianças ouviram, viram os desenhos muito antigos – Bélgica, 1975! — serem projectados, plantaram um «Jardim de Palavras» nos vidros das janelas, e desenharam o que viram na história.
Por fim, depois do lanche, foi a loucura completa com a montanha de almofadas espalhadas pelo chão. E a casa sorriu, feliz, com esta primeira animação do ano:
A Casa da Avó
queria levantar voo. Abrir janelas e portas e levantar voo. Ah, se as janelas
fossem penas! Se as paredes e as portas fossem ossinhos leves… Mas, no momento em que um poderoso
albatroz atravessou os céus, a Casa da Avó sentiu que se transformava mesmo num
pássaro.
Alguns dos desenhos nascidos na tarde de sábado, da autoria de:
Leonor
Laura
Inês
João Mendes
António Mendes
Miguel
Zé Luís
(e ainda uma «Gatinha» de pai anónimo!)
E em eco ouve-se ao fundo a voz de Augusto Joaquim, que, no caderno que fizemos para esta ocasião escreve, a propósito do seu trabalho de desenho com as crianças da «Escola» La Maison:

Tudo isto acontece numa
«escola» onde as crianças se encontram todos os dias, uma vez que nunca vão à
escola. Em torno da leitura, ultrapassando constantemente limites, com o
cinema, a pintura, os trabalhos manuais, a mecânica, os passeios, o cálculo,
numa palavra, a vida a deixar-se conduzir por uma intensa vontade de unificação
e de expansão.