16.3.14

LLANSOL NO BRASIL

1. A partilha do incomum


O texto de Maria Gabriela Llansol continua a fazer o seu caminho por terras brasileiras, também por lugares onde a sua presença até agora não era tão frequente.
É o caso da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (http://www.editora.ufsc.br), onde acaba de sair  um importante volume colectivo com ensaios e textos inéditos de M. G. Llansol, organizado por Maria Carolina Fenati, nossa colaboradora muito próxima e grande conhecedora da Obra e do espólio de Llansol. O livro intitula-se Partilha do Incomum. Leituras de Maria Gabriela Llansol, e tem contributos de quinze estudiosos e escritores portugueses e brasileiros, como se pode ver pelo índice abaixo (clique na imagem para aumentar).

Como escreve Carolina Fenati a abrir,   
Este livro – que reúne leituras do texto da escritora portuguesa Maria Gabriela Llansol (1931-2008) e fragmentos inéditos de seu espólio – é um gesto de acolhimento da sua escrita no momento em que ela começa a ser editada no Brasil. A publicação de três diários – Um falcão no punho (1985), Finita (1986) e Inquérito às quatro confidências (1996) – amplia a possibilidade da partilha desses textos e seus fragmentos, que, vindos de Portugal já circulavam de mão em mão entre vários leitores, relançam-se agora no devir das suas leituras.  
(Entretanto, mais um livro – Um beijo dado mais tarde –  saiu em 2013 na Sete Letras, do Rio de Janeiro, e outros virão). 
No final da nota introdutória a organizadora  explicita o título do livro e esclarece a intenção de mais esta importante e diversificada publicação sobre o universo singular de Llansol:
Escrever com os textos de Maria Gabriela Llansol – partilhar o incomum que nos é oferecido – é dizer que os textos só permanecem na medida em que partem, só não desaparecem quando são transformados pela leitura que os contra-assina, que com eles escreve afirmando o seu excesso em relação a qualquer leitura. Como escreveu Eduardo Prado Coelho, esses textos convidam a ler «até ao limite em que o entendimento é já a alegria do desentendimento» e exigem a seriedade e a paciência de uma reflexão que, reconhecendo o movimento que lhe escapa, abre linhas de fuga através das quais tudo pode sempre recomeçar. Cantar a leitura talvez seja desejar a conversa infinita, buscar o exercício da palavra como a relação mais íntima com o que é partilhável sem medida.



2. Algumas «trocas verdadeiras»

No site Ler Jorge de Sena, da responsabilidade da Profª Gilda Santos, conhecida seniana da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pode ler-se um informado artigo da Profª Maria de Lourdes Soares sobre a presença de Jorge de Sena, da sua obra e da sua transformação figural, na escrita de Maria Gabriela Llansol. Sena e Llansol já haviam sido objecto de um outro artigo no mesmo site, por Tatiana Pequeno (com o título «Llansenas»:
e agora o rasto de Sena e outros contemporâneos, como Vergílio Ferreira ou Eduardo Lourenço, na Obra de Llansol é detalhadamente analisado com recurso ao profundo conhecimento que a autora tem da Obra e do universo de Llansol, e a muita informação recente incluída nos Livros de Horas que vimos editando.  O artigo pode ler-se aqui: