Solicitado por Maria João Seixas a terminar uma entrevista com uma «palavra de eleição», o José Augusto disse-a, e traçou com ela, como diria Llansol, o seu auto-retrato «grave e jubiloso». Disse simplesmente: «Alegria-triste».
Sobre a sua ligação a Maria Gabriela Llansol e ao seu texto escreveu um dia José Augusto Mourão (e lembro-me de ter ouvido essas palavras da sua boca, num dos nossos encontros):
«Sou um legente que escreve desde há uns anos já sobre Maria Gabriela Llansol com o sentimento de ter sempre vagueado por uma inextricável linha de costa, portanto sem ter a presunção de alguma vez ter chegado a um terminal de mundos, sabendo que das ruínas da biografia não se pode erguer uma estátua, temendo ademais, e como Témia, a impostura da língua, fiado apenas na 'cordialidade' do sentido (Tauler), no puro amor do 'há', na equivalência entre estética e ética, nada sabendo em definitivo, apenas entrevendo. Sabe-se que se é legente quando o júbilo de existir e o ler se tocam.»
(O Fulgor é Móvel, 189).
Zé Augusto,
Estava triste o pátio da Faculdade esta manhã.
Agora, em casa, pensando em ti, no Augusto, na Maria Gabriela e na clareira de Parasceve, desejei ter as palavras certas, dizer-tas numa linguagem em que me possas ouvir. Abri o Ardente Texto Joshua, que selou muito do que nos uniu, e leio:
Ouço o ranger de uma janela a abrir-se. Tentam depois abrir outra janela, que range menos, e não abre.
Neste momento, passos breves atravessam o claustro
que é
um adro, com um cruzeiro ao centro, e cinco castanheiros dispersos.
(...) o caderno esta caído no chão, entreaberto.
Queria deixar contigo estas palavras...
Vina