LLANSOL:
CANTAR A LEITURA (1)
CANTAR A LEITURA (1)
Ler é, na Obra de Maria Gabriela Llansol, um acto constitutivo de viver. Llansol gosta de ler em voz alta, e sempre o fez, desde há anos, no início dos encontros do Grupo de Estudos Llansolianos. Não há muitas gravações da sua voz, mas dispomos de algumas, quer de leitura de fragmentos de livros seus, quer de intervenções, por vezes decisivas para clarificar noções e problemas centrais do seu Texto, nas discussões deste Grupo.
Ler, ler com o «sexo de ler», libidinal e mentalmente, ler em troca e não apenas como indagação de sentido, fonte de informação ou expectativa de sequências narrativas é um gesto de amplificação do mundo, que não sabemos quanto tempo perdurará nem por onde se repercutirá.
Se ler é amplificar o mundo, ler em voz alta é convocar, pela voz e pela entrega do corpo, o daimon vivo das sonoridades e das vibrações que atravessam o ar para chegar ao outro. Ler em voz alta é cantar a leitura. Os primeiros cantores de leitura são os animais, lê-se já em Amigo e Amiga. No último livro, precisamente intitulado Os Cantores de Leitura, este modo particular de ler assume-se decididamente como atitude de vida e resposta ao mundo: resposta do Texto e da sua comunidade – mais do que nunca apostada na amplitude e na igualdade dos seres no Ser, colocando os animais no seu centro – à incapacidade de «cantar» do mundo. É o lamento órfico de alguém que sabe que, se a leitura não for canto, o mundo não responde. Por isso, lemos em Os Cantores de Leitura, «é preciso cuidar a leitura,
porque a voz – se for incerta no seu deserto – mata, mata a leitura e o texto _______ o tom da voz a não impostura das suas pausas de silêncio _____
é determinante para o cuidado fraterno a ter com as figuras,
que estão por detrás de nós,
no seu desejo de abrir para si o Ler.» (Partícula 16).
A voz de quem lê torna-se, assim, o «contraste» da leitura, a sua marca de autenticidade, como nos metais preciosos.
Vamos dar aos leitores deste Espaço a possibilidade de ouvirem a voz de Maria Gabriela Llansol numa série de gravações. Começamos por dois excertos de O Senhor de Herbais, gravados em 2002, e continuaremos com fragmentos de Amigo e Amiga. Curso de Silêncio de 2004, e depois ainda com algumas intervenções, mais vivas, nas nossas discussões de grupo.
J. B.
Ler, ler com o «sexo de ler», libidinal e mentalmente, ler em troca e não apenas como indagação de sentido, fonte de informação ou expectativa de sequências narrativas é um gesto de amplificação do mundo, que não sabemos quanto tempo perdurará nem por onde se repercutirá.
Se ler é amplificar o mundo, ler em voz alta é convocar, pela voz e pela entrega do corpo, o daimon vivo das sonoridades e das vibrações que atravessam o ar para chegar ao outro. Ler em voz alta é cantar a leitura. Os primeiros cantores de leitura são os animais, lê-se já em Amigo e Amiga. No último livro, precisamente intitulado Os Cantores de Leitura, este modo particular de ler assume-se decididamente como atitude de vida e resposta ao mundo: resposta do Texto e da sua comunidade – mais do que nunca apostada na amplitude e na igualdade dos seres no Ser, colocando os animais no seu centro – à incapacidade de «cantar» do mundo. É o lamento órfico de alguém que sabe que, se a leitura não for canto, o mundo não responde. Por isso, lemos em Os Cantores de Leitura, «é preciso cuidar a leitura,
porque a voz – se for incerta no seu deserto – mata, mata a leitura e o texto _______ o tom da voz a não impostura das suas pausas de silêncio _____
é determinante para o cuidado fraterno a ter com as figuras,
que estão por detrás de nós,
no seu desejo de abrir para si o Ler.» (Partícula 16).
A voz de quem lê torna-se, assim, o «contraste» da leitura, a sua marca de autenticidade, como nos metais preciosos.
Vamos dar aos leitores deste Espaço a possibilidade de ouvirem a voz de Maria Gabriela Llansol numa série de gravações. Começamos por dois excertos de O Senhor de Herbais, gravados em 2002, e continuaremos com fragmentos de Amigo e Amiga. Curso de Silêncio de 2004, e depois ainda com algumas intervenções, mais vivas, nas nossas discussões de grupo.
J. B.