16.2.08

LLANSOL:
CANTAR A LEITURA (5)


Os poderes da memória e da matéria

«Despejando o presente do lastro obscuro da memória, o trabalho das imagens, espelho de uma alma que prescinde da psicologia para insistentemente colocar à vista uma psique em mutação, irá progressivamente anulando os efeitos da prisão do tempo, re-nomeando a perda («um amor crescendo, à semelhança do que fora uma alma crescendo», em Amar Um Cão) em todos os espaços que o corpo atravessa sem olhar para trás. Assim o espaço se transforma em «átrio da liberdade do tempo», lugar por onde vai entrando a luz que gera a transparência progressiva no luto. O livro, escrevendo-se a ele próprio pelo estímulo da imagem e pelo impulso da mão, coloca a questão, que não é de hoje, da escrita como resposta à perda.» (João Barrento)
(in: O Livro das Transparências. Jade-Cadernos Llansolianos, nº 9, 2007)