O NASCIMENTO DE CAUSA AMANTE
NA «LETRA E»
A sessão de sábado na Letra E, com a montagem de textos que acompanham o percurso de um livro — Causa Amante – desde o seu nascimento «na borda da banheira» da casa de Jodoigne, em 1979, até à sua conclusão em Outubro de 1980, mergulhou os que foram a Sintra durante uma hora no universo de Llansol durante o exílio na Bélgica, entre as casas de Jodoigne e Herbais, o trabalho de fazer o pão na cooperativa da Ferme Jacob, os animais e, acima de tudo, a escrita de mais um livro, com dois outros já prontos, mas sem editor.
Pelos fragmentos (todos retirados do último Livro de Horas que editámos: Numerosas Linhas) e pelas imagens que acompanharam a sua leitura (deliberadamente poucas, para permitir que a atenção interior se concentrasse no que estava a ser ouvido), foi possível perceber o funcionamento da máquina textual e a natureza das paisagens existenciais que atravessam este tempo de M. G. Llansol, numa fase difícil do exílio belga. E seguimos também, numa segunda parte, os labirintos metamórficos do nascimento, renascimento e transformação de figuras centrais em Causa Amante, como Jorge Anés, a comunidade das beguinas transplantada para o Cabo Espichel, Sebastião, o Dom, levado á sua nova condição vegetal, ou Luís M./Comuns/o Pobre.
Deixamos aqui, para os que não puderam ir a Sintra, o video com um resumo muito resumido dos primeiros momentos dessa linha de «Afluentes, margens e desvios» (como escreve Llansol no caderno 1.49, em Junho de 1997) da escrita de um livro e das expectativas e desilusões em relação à sua possível edição em Portugal (que só aconteceria em 1984). Os comentários que enquadraram estas peripécias escriturais e figurais estiveram a cargo de João Barrento e Maria Etelvina Santos. As vozes da leitura gravada são as da Helena Alves, da Cândida Pargana e da Teresa Projecto, nossas colaboradoras no Espaço Llansol.