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Passaram mais umas Jornadas Llansolianas de Sintra. É tempo de balanço rápido, antes da publicação do volume que documentará o que se disse e viu. Este ano quisémos pôr à prova o texto de Maria Gabriela Llansol, submetendo-o a olhares novos, de leitores não muito iniciados, alguns quase virgens deste vício de ler Llansol como quem a lê sempre pela primeira vez. O resultado correspondeu às expectativas – como teria de ser com os leitores de excepção que este ano aceitaram o convite – e o desafio – de mergulhar nos labirintos da alma e nos arcanos da escrita de M. G. Llansol.
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Eduardo Lourenço abriu com algumas intuições certeiras e, como é seu apanágio, fulgurantes na formulação encontrada, ao referir a «condição pré-metafísica» deste Texto, o paradoxo da sua «simplicidade-obscuridade», a sua capacidade de «tomar o dom textual da realidade à letra», permitindo assim ao leitor/legente «
estar no texto» (não haverá fórmula mais adequada para o modo de ler pedido pela escrita de Llansol).
Depois,
O Jogo da Liberdade da Alma e outros livros foram sendo iluminados por múltiplos olhares que viram neles uma «topologia quântica textual» e um rasto «medusiano/penelopiano» (Carlos Couto Sequeira Costa), ou o cruzamento do «sexo de ler» e da paisagem no espaço de um «puro sim» (Blanchot) proporcionado pela «desmemória» (Lúcia Castello Branco). Despiram-se dos seus sentidos mais correntes os termos-chave de
Jogo,
Liberdade e
Alma em Llansol, inserindo-os em linhagens que vão dos pré-socráticos a Espinosa e Schiller (João Barrento); falou-se da «mestiçagem», do «funambulismo mágico» e da «explosão vertiginosa e meteórica do inédito» (o poeta francês Yves Peyré), trouxeram-se testemunhos de leitores franceses abismados com a subtileza e a pluralidade da «cena viva» e da dramaticidade da escrita de LLansol (Muriel Bonicel, livreira como as já não há em Portugal). Trouxe-se para o texto llansoliano o processo da
colagem, com a sua «harmonia difícil» e o seu espaço vibrante de «correspondências» (Matteo Bianchi e Carolina Leite, editores de M. G. Llansol em francês e italiano); traçaram-se paralelos entre a escrita da palavra e a da música, com as suas «polifonias atonais» (Gilda Oswaldo Cruz, antes do recital de piano com obras de Bach, Messiaen, Schoenberg e Cláudio Santoro); e analisaram-se processos («a metabolização do real», o recurso ao «sarcasmo subterrâneo») e os fundos imemoriais, radicados nos «atributos variáveis dos mitos», desta escrita e do seu universo (António Vieira). E por fim veio aquele extraordinário momento em que Hélia Correia, colocando a questão da relação com o texto de Llansol em termos de
dom e
aprendizagem, de entrega, mas não de profecia, o apresentou em paralelo, óbvio e irrecusável, com a sua relação com os gatos e o gesto de «fazer festas na barriga» de ambos, seres de fascínio e «corpo vivo de leitura».
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Também as apresentações de novos livros –
Um Arco Singular. Livro de Horas II (Assírio & Alvim), por José Manuel de Vasconcelos, e
«Nada ainda modificou o mundo...». Actualidade de Llansol (Mariposa Azual), por Maria João Reynaud – foram muito além do que é mais habitual nestas circunstâncias, em lucidez, profundidade e sensibilidade à matéria viva destas duas novas publicações.
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E a exposição
Rara & Curiosa. Os papéis avulsos de Llansol deu a ver uma parte ínfima, mas representativa, do universo manuscrito deste espólio. A encerrar, a voz forte e modulada de Diogo Dória, dando corpo a três fragmentos de escrita dos cadernos inéditos, da fase de elaboração de
O Jogo da Liberdade da Alma (1998-99), testemunhou de forma impressionante a capacidade de iluminação do real e de penetração de si próprio desse «ser de escrita» que dá pelo nome de Maria Gabriela Llansol.
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Em suma, pode dizer-se que as Jornadas deste ano constituiram dois dias plenamente conseguidos. Mas que não nos levam a descansar à sombra do já feito. Retomámos já o trabalho com vista à próxima grande iniciativa do Espaço Llansol, a exposição sobre Llansol e a Europa, a inaugurar em 27 de Março de 2011 no Centro Cultural de Belém, com o título «Sobreimpressões».