A VOZ DA SARA...
... trouxe ontem de volta o Jade de Amar um Cão no Palácio dos Coruchéus, em Lisboa. Uma voz concentrada de leitora juvenil – a Sara Maia – que interiorizou perfeitamente o texto desta «história» de Maria Gabriela Llansol que se pode considerar um microcosmo paradigmático da sua escrita, do seu universo e pensamento e da sua singular capacidade de pôr em consonância tensional todas as esferas do Vivo, a vida e a morte e as suas permanentes metamorfoses.
Num ambiente quase íntimo, de convivência entre adultos e crianças e cães (estavam quatro ou cinco presentes), a leitura fluía num diálogo com o texto, no ritmo e no tom congeniais com o fulgor, as ideias e a humanidade de uma relação ímpar e íntegra com o cão que nasce, sem ainda ter encarnado, no Jardim da Estrela, nasce para o texto sobre um medronheiro na Arrábida e parte para a sua última viagem em Colares, em 20 de Janeiro de 1989.
Mostrámos as belas colagens do Augusto (vinte «desenhos a lápis com fala», como lhes chamou a Maria Gabriela) feitas em 2002 a partir de Amar um Cão, e reeditámos o caderno de 2013 com o texto de Hélia Correia, escrito para os mais pequenos em sobreimpressão com o de Llansol. Viajámos e pensámos com a Sara, à imagem do Leão Jade na escrita de Llansol:
«O cão Jade é ao mesmo tempo um corredor e um meditativo. Quando corre, seu corpo veloz espelha sua meditação. Quando repousa, corre sobre suas patas dobradas...»
Jade, com Augusto e Maria Gabriela em Lisboa
A nossa gratidão, para além da Sara, vai para a Helena Tavares e o André Maranha, que organizaram e montaram com dedicação o serão de ontem.