LLANSOL, EROTISMO E «AMOR ÍMPAR
NA «LETRA E»
A Obra de M. G. Llansol é atravessada por uma vibração manifesta ou discretamente erótica, que pode dar por vários nomes, de «luar libidinal» a «sexo da paisagem», de «sensualética» ou do próprio «corp' a 'screver» à noção central de «amor ímpar». Desta se ouvirá falar e ler no sábado, dia 9 de Maio, pelas 16 horas, na «Letra E» do Espaço Llansol. Da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha vêm os professores e actores Diogo Dória e Guilherme Mendonça, e um grupo de cinco estudantes de teatro, que farão uma leitura encenada de alguns capítulos do livro Contos do Mal Errante, provavelmente aquele em que o filão do erotismo se encontra mais presente de forma concentrada. Desse livro fica um excerto extraído dos que vão ser lidos:
« ao fim de algum tempo, já que o homem que
eu amava, e me amava, a amava
também a ela, principiei
a sentir o desejo de acariciar o seu corpo; não só
para avaliar
por mim a qualidade do sentimento que ele podia ter
por ambas
mas porque descobrir a minha paciência (ousadia),
num campo tão cheio de emboscadas como o do amor
ímpar,
me era necessário.
Louvada seja esta mansão na neve — ninguém cobre
o rosto com um embuste.
[...]
Pondo a mão entre o ventre de Escarlate e o princípio
da carne
penetrante de Copérnico, noto que entre
se tornou convosco, e que já nada
pode entravar esta palavra, compeli-la a indicar separação. Para obtermos
tudo
isto, submetemo-nos a um exercício simultâneo do corpo
e do pensamento.
Agora temos um percurso, porque o gémeo quebrou-se.»
João Barrento introduz o tema, e mostraremos pela primeira vez todo o acervo de desenhos e colagens, em papel e digitais, de Augusto Joaquim. E ainda algumas das pinturas feitas por Ilda David' para a segunda edição de Contos do Mal Errante.