A «LEMBRANÇA TERREAL DO PARAÍSO»
Uma conversa sobre árvores
A próxima sessão do Espaço Llansol, no próximo dia 3 de Novembro, às 17 horas, vai à «Escola das árvores».
As árvores são uma presença constante na Obra de Maria Gabriela
Llansol, desde «O chão das três árvores», a terra que prende a si as
personagens desse conto de Os Pregos na Erva (1962), até ao fim, aos ecos do poeta das árvores, Hölder, no nome
figural de Arbricelo, ao oliveiral ou à Vara de Tual que floriu, em Os
Cantores de Leitura (2007).
A árvore é, em Llansol, a fonte primordial e o
suporte da escrita – o papel, que há que poupar, e por isso «devo escrever numa
caligrafia mais miúda», lemos num caderno de 1998 – mas também a portadora de uma
tripla significação: orgânica («ser vivo»), figural («símbolo») e mítica
(«árvore do bem e do mal»). E algumas árvores assumirão mesmo um lugar
determinante em momentos decisivos da sua vida e da sua escrita, como as que o caderno que fizemos sobre o tema documenta: Prunus Triloba, no exílio da Bélgica; o pinhal ou Pinheiro Letra em Colares; o Grande Maior (o plátano interlocutor do país de Parasceve) em Sintra; ou a metrosideros excelsa do Jardim da Parada em Campo de Ourique.
Na sessão da Casa de Julho e Agosto de 3 de Novembro a árvore será evocada, contemplada, comentada, pelas intervenções de
Susana Neves (autora desse belo
livro intitulado Histórias que Fugiram das Árvores - Um arboretum português, editora By the Book, 2012) e pela luminosa
exposição de obras de Natércia
(aguarelas, colagens, gravura, desenho, algumas delas aqui reproduzidas). Natércia dialoga com Helena
Alves (do Espaço Llansol), que, com o seu
saber do universo vegetal e da sua presença na escrita de Llansol, permitirá
lançar pontes entre a entrega artística de Natércia ao universo da árvore e o
constante emergir desse mundo do verde nos textos de Maria Gabriela Llansol
como «lembrança terreal do Paraíso».