21.1.18

… E A CASA VOOU…

Ontem, no Espaço Llansol, a casa voou, tudo nela se transformava, a animação foi grande, com as crianças que vieram para ouvir ler a história Oh, oh, oh, a Casa da Avó, escrita há muitos, muitos anos por Maria Gabriela Llansol e as crianças do «Contra grupo Alpha» da Escola La Maison, na Bélgica:

               Há uma fonte clara
               Mesmo no meio do quarto.
               O amor cai e inunda,
               Corre pela água funda.
               A gatinha sábia-selvagem
               Sabe que é só uma imagem.

               Pelo bordo da fonte clara
               Corre, amorosa, a água.
               A gatinha sábia-selvagem
               Sabe que é só uma imagem.

               Esvazia-se a fonte clara
               Gota a gota, a água vai
               Enchendo o pequeno quarto.
               A gatinha sábia-selvagem
               Sabe que é só uma aragem.

E as crianças ouviram, viram os desenhos muito antigos – Bélgica, 1975! — serem projectados, plantaram um «Jardim de Palavras» nos vidros das janelas, e desenharam o que viram na história.
Por fim, depois do lanche, foi a loucura completa com a montanha de almofadas espalhadas pelo chão. E a casa sorriu, feliz, com esta primeira animação do ano:

A Casa da Avó queria levantar voo. Abrir janelas e portas e levantar voo. Ah, se as janelas fossem penas! Se as paredes e as portas fossem ossinhos leves Mas, no momento em que um poderoso albatroz atravessou os céus, a Casa da Avó sentiu que se transformava mesmo num pássaro.
Alguns dos desenhos nascidos na tarde de sábado, da autoria de:
Leonor

Laura

Inês

João Mendes

António Mendes

Miguel

Zé Luís

(e ainda uma «Gatinha» de pai anónimo!)


E em eco ouve-se ao fundo a voz de Augusto Joaquim, que, no caderno que fizemos para esta ocasião escreve, a propósito do seu trabalho de desenho com as crianças da «Escola» La Maison: 
Desde Cézanne... que não há desenho infantil. Nem também desenho de adultos. Existem seres que se distinguem por diferenças descontínuas, ancorados em contra-grupos ou, à falta disso, em igualdade de condições, à espreita da transcendência, se entregam em consciência e instintivamente à memória, para entrarem no jogo subtil e sério da comunicação quase não verbal.
Tudo isto acontece numa «escola» onde as crianças se encontram todos os dias, uma vez que nunca vão à escola. Em torno da leitura, ultrapassando constantemente limites, com o cinema, a pintura, os trabalhos manuais, a mecânica, os passeios, o cálculo, numa palavra, a vida a deixar-se conduzir por uma intensa vontade de unificação e de expansão.