LLANSOL REGRESSA A GUIMARÃES
Maria Gabriela Llansol volta ao Centro Internacional das Artes José de Guimarães, desta vez com obras dos artistas Ilda David', que já aí tivera em 2014 a grande exposição «O encontro inesperado do diverso» (com o fotógrafo Duarte Belo), e agora apresenta várias peças de tecido bordado, no âmbito da exposição «Caminhos de Floresta» e da Bienal de Arte Têxtil Contemporânea; e Rui Chafes, cuja escultura «Vejo uma luz morrer» (pertencente ao acervo do Espaço Llansol) foi integrada na exposição «Labirinto e eco», que articula a colecção permanente do Centro com outras obras. As duas exposições estarão presentes no C.I.A.J.G. até ao fim do ano.
Ilda David', que desde há muito leva a cabo um trabalho artístico nas mais variadas técnicas e suportes em diálogo com a Obra de M. G. Llansol, apresenta uma série de panos com motivos bordados derivados da sua leitura de livros como Lisboaleipzig (os Falcões), Contos do Mal Errante (o grande pano preto com figuras) e outros (a série de vestidos com bordados, um dos quais traz o nome de Maria Gabriela Llansol).
A escultura de Rui Chafes (que antes estava na «Letra E» do Espaço Llansol) surge agora a uma nova luz na grande sala do CIAJG onde desde sempre muitos objectos da colecção de arte africana de José de Guimarães entram em relações de vizinhança e afinidade, ou de tensão dinâmica. Lembramos a passagem de Lisboaleipzig 2 que inspirou a Rui Chafes esta peça:
– Que estás a ver?
– Vejo uma luz morrer que leva uma parte da tristeza
nas suas penas – uma das quais estranhamente trémula. – E,
como nos dias precedentes, reformulam no alto voo a sua oração
de peregrinos:
– Crês na acção de voar?
– Creio.
– Crês na sublimidade das árvores?
– Creio.
– Crês na velocidade fulgurante que divide em miríades de partes o teu olho luminoso?
– Creio.
– Crês no afecto por todos os seres para além da dor que causamos uns aos outros?
– Creio.
– O sol não nasce.
– Nem se põe. A luz não tem raízes.
– Sentes que o Trimúrti acorda?
– As vagas já lhe batem nos cascos ancorados.
– Sentes o mar a entrar-lhe no átrio?
– Como a dor.
O falcão volta para ela. Estão sós no prado. Por ora, acabou-se o treino e a falcoeira pensa, a sós com o seu falcão…
– Crês na acção de voar?
– Creio.
– Crês na sublimidade das árvores?
– Creio.
– Crês na velocidade fulgurante que divide em miríades de partes o teu olho luminoso?
– Creio.
– Crês no afecto por todos os seres para além da dor que causamos uns aos outros?
– Creio.
– O sol não nasce.
– Nem se põe. A luz não tem raízes.
– Sentes que o Trimúrti acorda?
– As vagas já lhe batem nos cascos ancorados.
– Sentes o mar a entrar-lhe no átrio?
– Como a dor.
O falcão volta para ela. Estão sós no prado. Por ora, acabou-se o treino e a falcoeira pensa, a sós com o seu falcão…