«OLHAR É DIFERENTE DE ANALISAR
E COMPREENDER...»
Kiarostami-Llansol na «Letra E»
O filme, a um tempo apaziguante e inquietante, de Abbas Kiarostami (Five. Dedicated to Ozu), uma sequência de cinco longos planos, proporcionou ontem na «Letra E» momentos únicos de contemplação (e depois e conversa entre os presentes). O ponto de vista cinematográfico foi brevemente comentado por Daniel Ribeiro Duarte, que mostrou algumas linhas de afinidade entre o cinema de Yasujiro Ozu e este filme de Kiarostami – um «documentário» muito sui generis, com um claro substrato narrativo sem enredo nem diálogos nem personagens. Como em Llansol, com actantes humanos e não humanos que podemos ver como «figuras», contra o pano de fundo do enigma transparente do ser e do tempo que nos leva a perguntar, em cada uma das cinco cenas, o que é que acontece no que está a acontecer sob os nossos olhos – o que acontece, e não o porquê, nem sequer o como desse acontecer.
O caderno que os que vieram levaram consigo contém uma selecção de textos, na sua maior parte inéditos, de M. G. Llansol que evidenciam pontos de encontro e diálogo com este seu interlocutor «improvável», quer com o filme quer com os poemas de Abbas Kiarostami que seleccionámos para acompanhar o caderno de textos. Um encontro que passou pelos tópicos do olhar («o olho de olhar», e não apenas «o olho comum», diz Llansol), do tempo («o tempo suspenso na casa» – ou no mundo) e da noite («o maior objecto sensual que envolve todas as coisas», lemos num dos fragmentos).
Deixamos aqui a introdução a mais este caderno da Letra E, as páginas com os poemas de Kiarostami e o link para quem, não tendo ido a Sintra, queira ainda ver este invulgar filme sobre a impermanente permanência das coisas do Ser.
(Clique nas imagens para aumentar)
(Para aceder ao filme clique aqui: http://vimeo.com/70968833)