13.11.12

O ESPAÇO LLANSOL, OS EQUÍVOCOS 
DO «MAL DE ARQUIVO» E OUTROS MALES



Andam espectros pela Net. Boatos, calúnias infundadas, difamações de baixo nível, insinuações cobardes. Muita ignorância e petulância. Vem acontecendo há mais de um ano, por vozes oriundas do outro lado do mar, através de um blogue com um título enganador, retirado de um texto de Maria Gabriela Llansol, cuja Obra vem, há anos, sendo despudoradamente saqueada, instrumentalizada e banalizada por pretensos «escritores» d' O Fio de Água do Texto – assim se chama o sítio, ele sim, um verdadeiro arquivo do mal (hélas! não se pode fugir ao arquivo!) que sistematicamente destila veneno, a pretexto de «declarações de amor» (!) a Maria Gabriela Llansol, ela mesma, e de umas «Conversas com Llansol» e outras inimagináveis e delirantes manifestações de kitsch e má fé. E assim o fio de água alimentado a partir de Belo Horizonte se transforma na água suja onde «poetas» e «artistas» vazam os seus delírios pessoais, as suas frustrações e a sua raiva (por não poderem apropriar-se como desejariam do texto de Llansol nos seus territórios), a sua prosa ou poesia extática, de olhos em alvo (que confundem com escrita viva, autêntica, «inspirada» em Llansol: temos muitos testemunhos desses, enviados à autora, nos nossos «arquivos do mal»!) E depois vêm as críticas esfarrapadas, redutoras e parciais a livros cujo alcance não alcançam. E caem sobre nós as ladainhas que transformam esse texto em objecto de adoração acrítica, provinciana, de um mimetismo primário que só mostra a incapacidade de pensar esta Obra por parte de quem assim rabisca sobre ela meros derrames emocionais, e sobre o Espaço Llansol lança a peçonha da inveja e da provocação permanente. E nem a pobre Melissa, a gata que foi de Maria Gabriela Llansol e continua a viver feliz, escapa às torpes invectivas. Ataques onde se ouvem, não apenas insultos pessoais, mas também o denegrir sistemático do trabalho que vimos fazendo e, com isso, da memória de Llansol, que no-lo confiou – até ao limite da xenofobia explícita, quando nos apontam como parte de «portugais morrendo à míngua», a nós, que estamos, com Llansol, claramente à margem dessas portugalidades! Naturalmente, tudo em vão. Desiludam-se, o nosso caminho está traçado, aqueles que prezamos e realmente contam estão connosco, e nada vai alterar a nossa rota! Chegou o momento de revelar à opinião pública portuguesa (e também brasileira), que conhece e tem reconhecido o trabalho do Espaço Llansol, a dimensão absurda do que está a acontecer. 

A última fase do pasquim digital O Fio de água do texto ocupa-se do «mal de arquivo». A expressão, como se sabe, foi usada por Jacques Derrida, no livro Mal d'archive. Une impréssion freudienne, que derivou de uma conferência em Londres, em 5 de Junho de 1994, num colóquio sobre o tema «Memory: The Question of Archives». O Espaço Llansol seria agora, para os «dez» do Fio de água... e seus seguidores cegos, a encarnação perfeita desse mal. Uma vez mais, como acontece quando manipulam o texto de Llansol, descontextualiza-se para atacar e denegrir. No «grupo dos dez», a mestra dá o mote e seguem-se as glosas dos acólitos, imitando cegamente... Sejamos então didácticos, para esclarecer esse tão mal tratado «mal de arquivo», mal necessário, e exigente de um rigor que eles não conhecem, que praticamos em tudo o que fazemos, na «Letra E», a da alegria e da beleza partilhadas, e na "Letra F", a do dito arquivo – que, de facto, o não é, mas eles não sabem, porque nunca o quiseram conhecer. A única vez que o fizeram, de forma superficial, ligeira, como em tudo o que fazem, e já mal intencionada, foi para produzir um objecto inenarrável de mau gosto e de ilegalidade, um livro que usa abusivamente o nome de Llansol e os seus textos, e os enfeita com uns «bonecos» a que chamam arte...

Mas anotemos duas ou três coisas, para que fiquem claras algumas confusões e a manipulação perversa do «mal de arquivo» (que anda neste lugar do ciberespaço para continuar o bombardeamento venenoso contra o Espaço Llansol), duas ou três coisas à l'adresse dos discípulos directos, dilectos e incompletos de Freud e Derrida.  Na etimologia do arquivo (arkhé) estão sempre duas coisas: o começo (a origem) e a ordem (a autoridade). Quando se entra no espaço do arquivo (cujo fascínio só aqueles que nunca lá estiveram podem denegrir, por ressentimento) sem a pretensão – que é a dos curadores da psique – de ser arconte, autoridade, então escolhe-se! Pode escolher-se. Ou seja: a busca da origem, a vontade de trazer à luz alguns revérberos dela, não é necessariamente autoritária. Como o «pharmakon» platónico, comentado também pelo autor de Mal d'archive, na sua duplicidade produtiva de veneno e remédio, de mal e cura, que gera a conhecida «indecidibilidade» desconstrucionista. Será que eles percebem que não há maniqueísmo nestas coisas, que o próprio Derrida (e muito antes dele Nietzsche) acabou há muito com os binarismos simplistas? 

Derrida assiste-nos claramente neste aspecto, ao afirmar que não há meta-arquivo. E mais: «Só se pode iluminar, ler, interpretar uma herança inscrevendo-a irredutivelmente no futuro». É o que estamos a fazer. Mais diz Derrida nesse treslido texto sobre o «mal de arquivo» (que não é maléfico nem diabólico, é uma febre, um entusiasmo!): «Guardar um arquivo, algo que ordena a memória e antecipa o por-vir, impõe também dar morte ao arconte e a tudo aquilo que, na tradição, sustenta a lei». Nesse texto, Derrida caminha progressivamente no sentido de dar razão de ser ao trabalho de «arquivo» que vimos fazendo. Trabalho que não é apenas de arquivo, porque acontece no espaço vivo, originário, do objecto único desse «arquivo», a Obra de Maria Gabriela Llansol, que não é «senhora» de coisa nenhuma – como escreve a menina «j.», o olho dos «dez» nas nossas últimas Jornadas de Sintra –, mas uma presença constante e dialogante para nós! Aquele nome amputado, que não tem coragem de se mostrar inteiro, é o da cobarde assinatura, trace envergonhada de quem tem medo, mas não vergonha do que escreve sem fundamento, que nunca conheceu aquela a quem chama «senhora» disto e daquilo, e que também nada parece saber daqueles que agora não são cães de «guarda», como diz e repete, mas cuidam de manter vivo o nome e o texto dessa a quem insiste em chamar «senhora», ignorando como ela detestaria ser chamada assim

Enfim, Derrida liberta-nos do mal de arquivo que atormentava Freud, quando escreve: «Pelo encontro com os espectros, regressa fragmento a fragmento, uma semente de verdade indestrutível, irredutível». Os nossos «espectros» são desta estirpe. Não almejamos qualquer espécie de «poder» – ideia totalmente absurda que a menina «j.» desfia como um autómato que ecoa «his master's voice» – pelo facto de organizar e tratar um espólio, apenas vamos dando a conhecer o que não era conhecido, e que toda a gente (menos os «dez» do ressentimento) reconhece como original e revelador. E que, quer se queira quer não, é diferente do conhecido, não anulando, obviamente, aquilo que conhecemos dos livros de Llansol. Só quem seja maldosamente ingénuo, ou ignorante destas coisas, menina «j.» &  Cia., pode vir acusar-nos de pretender «mamar» no texto de Llansol, de andar a «brincar de papai, mamãe e filhinha» na casa que foi dela (nós também lemos Deleuze, e muitos mais, que para vocês são terra incógnita), de sermos «tradutores sem fulgor», «cretinos que se escondem atrás de outros cretinos», de querermos «a glória do texto e a sua possessão», de «ter a fúria e o desejo de posse estampado no rosto»! E que presunção, que desplante esse, menina «j.», de chamar estúpidos aos «senhores» e «senhoras» de Sintra que, coitados, não percebem o que «está fazendo muito mal a eles»! Já apanhaste o tique da análise? Queres deitar-nos no divã?

A questão — e a expressão «mal de arquivo», que substitui no livro de Derrida a de «conceito de arquivo» da sua conferência original – é a de toda a ciência moderna, de todo o mundo contemporâneo, que passou do paradigma do conceito para o do arquivo, «gramatizou» o vivo, foi capaz de criar desejo com a técnica (é possível, como é possível criar vida a partir do arquivo – para perceberem isto, leiam por exemplo Bernard Stiegler, esses que não saem de Lacan e Blanchot e Blanchot e Lacan, coitados, que não têm culpa, e que às vezes devem dar voltas no túmulo!). Querer diabolizar o arquivo, de forma simplista, é sinal de pura ignorância, é não entender Derrida, manipulando-o para proveito próprio, como sempre fazem os imitadores de pacotilha, os epígonos e os denunciantes. Derrida, o do «mal de arquivo», já lhes disse isso – mas eles não ouvem, ou não sabem ler!

João Barrento,

com:
Hélia Correia (escritora, Espaço Llansol), Manuel Gusmão (escritor, Espaço Llansol), Maria Etelvina Santos (Investigadora, Espaço Llansol), Cristiana Vasconcelos Rodrigues (Professora da Universidade Aberta, Espaço Llansol), Helena Vieira (editora, Espaço Llansol), Albertina Pena (professora, Espaço Llansol), Sandra Santos (distribuidora de livros, Espaço Llansol), Daniela Jones Oliveira (professora, Espaço Llansol) 
e
Alfredo Ferreira dos Santos (aposentado, Carcavelos) | Ana Luísa Amaral (escritora e Professora catedrática da Faculdade de Letras do Porto) | Ana Maria Pereirinha (editora) | André Lamas Leite (advogado, Professor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto) | Ângela Nobre (economista) | António Guerreiro (crítico literário) | Carla Faria (professora) | Carlos Couto Sequeira Costa (Filósofo, Professor da Faculdade de Letras de Lisboa) | Cândida Joaquim (Linguista) | Carolina Leite (editora, Pagine d'arte, Suíça) | Catarina Barros (livreira) | Celina Martins (Professora de Literatura Portuguesa, Universidade da Madeira) | Cristina Isabel de Melo (tradutora e editora, Bretanha) | Cristina Maria Veora (jornalista e escritora) | Emília Reis (bancária, aposentada) |  Fernanda Gil Costa (Professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa) | Filipa Melo (jornalista e escritora) | Graça Martins (pintora) | Helena Buescu (Professora catedrática da Faculdade de Letras de Lisboa) | Ilda David (pintora) | Ilse Pollack (escritora, Viena) | Isabel Allegro de Magalhães (Professora catedrática jubilada da Universidade Nova de Lisboa) | Isabel Cristina Mateus (Professora de Literatura Portuguesa, Universidade do Minho) | Isabel Santiago (professora de Filosofia) | Jaime Rocha (escritor) | João de Oliveira Cachado (professor, Sintra) | João Madureira (compositor) | Joaquim Costa Almeida (fotógrafo) | Jorge Fernandes da Silveira (Professor titular de Literatura Portuguesa, Universidade Federal do Rio de Janeiro) | Joel de Carvalho (professor de Educação Física) | Jorge Leandro Rosa (Professor da Universidade Lusófona, Lisboa) | Jorge Telles de Menezes (escritor, editor da revista «Selene-Culturas de Sintra») | José Manuel Mendes (Presidente da Associação Portuguesa de Escritores) | José Manuel de Vasconcelos (advogado e escritor) | José Santos Maia (artista plástico) | Júlia Studart (professora e escritora, Rio de Janeiro) | Luci Ruas (Professora de Literatura Portuguesa, Universidade Federal do Rio de Janeiro) |Manoel Ricardo de Lima (escritor e Professor da UniRio, Rio de Janeiro) | Manuel Rosa (editor) | Manuela Parreira da Silva (Professora de Literatura Portuguesa da Universidade Nova de Lisboa, escritora) | Margarida Lages (IPAD, responsável pela edição das Obras de Eduardo Prado Coelho na INCM) | Maria Helena Guerreiro Alves (Recursos Humanos EDP, aposentada) | Maria João Reynaud (Professora de Literatura Portuguesa, Faculdade de Letras do Porto) | Maria de Lourdes Soares (Professora aposentada de Literatura Portuguesa, Universidade Federal do Rio de Janeiro) | Maria Madalena Fernandes (socióloga) | Maria Manuel Viana (escritora e professora) | Maria Paula Mendes Coelho (Professora da Universidade Aberta) | Matteo Bianchi (editor, Pagine d'arte, Suíça) | Mayara Ribeiro Guimarães (professora, Universidade Federal do Pará) | Paola Poma (Professora de Literatura Portuguesa, Universidade de São Paulo-USP) | Paula Cristina Costa (Professora de Literatura Portuguesa, Universidade Nova de Lisboa) | Paula Ruella (investigadora, História da Arte) | Ramón Parra Ibañez (estudante) | Rosa Alice Branco (escritora) | Sandra Varela (professora) | Sílvia Salgueiro (cineasta, Californian Institute of the Arts) | Sõnia Piteri (Professora de Literatura Portuguesa, Universidade Estadual de S. Paulo-UNESP) | Teresa Belo (professora, aposentada) | Teresa Cadete (Presidente do PEN Clube Português, escritora e Professora da Faculdade de Letras de Lisboa) | Winnie Wouters (doutoranda, Universidade Estadual de S. Paulo-UNESP)

9.11.12

FILMES LLANSOLIANOS NA ALMA AZUL, 
EM COIMBRA

Integrada nos Caminhos do Cinema Português, a Alma Azul (Produtora de Actividades Culturais: http://www.alma-azul.pt) promove no próximo domingo, dia 11 de Novembro, às 17 horas, na Galeria Santa Clara, em Coimbra, uma sessão de divulgação dos filmes de Daniel Ribeiro Duarte sobre a Obra de Maria Gabriela Llansol.

 
A projecção dos documentários Hölder, Encontro com S. João da Cruz, Conversações com Bento e Ao Lugar de Herbais, todos de Daniel Ribeiro Duarte, cineasta brasileiro, doutorando em Ciências da Comunicação, com  especialidade em cinema, na Universidade Nova de Lisboa, é o programa dos «Caminhos do Cinema Português», na Galeria Santa Clara.


No fim da projecção realiza-se uma conversa-debate sobre a Obra de Maria Gabriela Llansol, moderada por Elsa Ligeiro, da Alma Azul, em que participam o autor dos filmes e Cláudia Ferreira, licenciada em História da Arte, e leitora de Llansol. Estarão ainda presentes João Barrento e Maria Etelvina Santos, do Espaço Llansol.
Recorde-se que a Alma Azul tem promovido, desde o Festival de Língua Portuguesa – A Língua Toda, em 2009, diversas sessões sobre a Obra de Maria Gabriela Llansol.

4.11.12

UMA TARDE DE IMAGENS NA «LETRA E»


Foi uma tarde de imagens, desta vez com muitos estudantes e professores de Belas-Artes, de Cinema, e de Llansol, como sempre. O ruído sussurrante do projector e o silêncio das cenas alternantes do filme de Tomás Maia e André Maranha, Éden. O filme desta Terra (película, cor, 16 mm, 27'). O movimento tremulante da película contrasta com os gestos claros e decididos de Eva e Adão, mulher e homem, homem e mulher, pés nus, destruindo e construindo, transformando e fixando formas, fogo e terra, casa e túmulo, a língua livre da mulher e os gestos codificados do homem.


Isabel Santiago, professora de Filosofia e leitora de Llansol, falou disto, e de outras coisas, a propósito do livro que acompanha e ilumina o filme (Edição Documenta, com DVD). O filme da divisão incompleta, do dualismo imperfeito, seguindo a «lei da mediação» (Hölderlin) que, no filme, rege a função do tabique de separação-ligação entre dois compartimentos da casa, dois lugares de habitar, o da mulher e o do homem. O filme da saída do Éden para devir homem-mulher (e aspirar ao «ambo» de Llansol?). O filme onde se vê que, sendo cada um singular, não existe singularidade absoluta, que «habitar poeticamente esta Terra» (Hölderlin) é «viver quase a sós» (Llansol). O filme do que «está a começar» – e traz já consigo os sinais do fim: nascimento e morte, nascimento é morte, «o sabor a morte da vida» (Hölderlin).



É também o filme da afirmação da imanência absoluta da vida humana, «o filme desta Terra», porque no Éden não se entra, só se sai dele para nunca mais voltar – quando muito, espreita-se por uma fresta da «porta das traseiras» (H. von Kleist), no acto da criação da obra, do amor, talvez da experiência mística. É o momento do «estar eterno» (Tomás Maia/André Maranha), ou da eternidade segundo Spinoza, que fica a pairar quando se suspendem as imagens e do negro da tela ecoa, em alemão, a voz da actriz Ursula Rütt-Hamacher dizendo, com Hölderlin: «Leben ist Tod, und Tod ist auch ein Leben / A vida é morte, e a morte é também uma vida».


Foi o que se viu, se ouviu, se sentiu, no formigar da tela e no sussurro do projector, nas palavras dos que dialogaram, na tarde de ontem na «Letra E». «Tão simples são, porém, as imagens, tão sagradas, que muitas vezes realmente se teme descrevê-las» (Hölderlin). A função da «Letra E» é superar esse temor, com outros, que sempre vêm. Ontem vieram, e virão mais. «Com seriedade, de preferência», dizia Hölderlin, e assim «não cismarás por muito tempo ao sol invejoso» («Notas sobre Antígona»). Porque é preciso que se saiba (é ainda o poeta pela voz de Llansol) «que somos livres / De ir direitos ao alvo que – para nós – escolhemos», como se lê num dos poemas que ouvimos ontem, também na voz impressionante de Bruno Ganz, e que a seguir se transcreve e pode ouvir.




O curso da vida / Lebenslauf
(2ª versão)

Tu, tu também foste um sonhador de grandes coisas; mas o amor
Nos faz curvar a todos para que passemos debaixo da sua lei; a dor
         curva-nos mais para a frente ainda.
Mas, todavia, não é em vão que a órbita da nossa vida
Regressa à origem de que partiu.

Subir. Descer. Que importa? Na noite sagrada
Em que a natureza se cala para poder sonhar com os dias que hão-de vir – e

Até ao mais sinuoso e desleal dos infernos –,
Não há-de existir uma lei recta, uma justiça que reine?

É esse o fruto da minha experiência. Porque nunca deuses com imortalidade,
Defensores da vida, nunca, que eu tenha a consciência,
Me empurraram à sua frente e me levaram por caminhos fáceis,
Como é hábito fazerem os grandes deste mundo, mortais.

Os que têm trono na Imortalidade, dizem que o homem deve           
           experimentar todas as coisas,
E que, fortalecido por uma seiva pujante, deve aprender a dar graças
Por todas as coisas, e que saiba, finalmente, que ele é livre
De ir direito ao alvo que – para si – escolheu.

(Tradução de Maria Clara Salgueiro, i. é Maria Gabriela Llansol)

                                                                 [Hölderlin lido por Bruno Ganz]                     

[Fotos: fotogramas do filme e Vina Santos] 

2.11.12

AS JORNADAS LLANSOLIANAS DE SINTRA
NA RTP 2

Voltamos ainda às últimas Jornadas Llansolianas de Sintra («Pessoa e Bach na casa de Llansol»), gravadas pela TV da Universidade Aberta, e transmitidas no canal 2 da televisão pública (RTP 2), nos passados dias 31 de Outubro e 1 de Novembro. A televisão da Aberta esteve lá, gravou alguns momentos dos dois dias e registou também os depoimentos de dois dos membros da Direcção do Espaço Llansol. Pode ver-se a reportagem, clicando no link abaixo da imagem, entre o minuto 18'33'' e 22'48'' do programa:


31.10.12

ÉDEN, O FILME DESTA TERRA NA «LETRA E»

No sábado, dia 3 de Novembro, passará na Letra E do Espaço Llansol o filme de Tomás Maia e André Maranha Éden, o filme desta Terra, e será apresentado o livro que o acompanha, com a versão video em DVD (edição da Documenta). Para ver o programa clique na imagem abaixo:


22.10.12

HÖLDERLIN E LLANSOL NA LETRA E
(com Manuel António Pina)



Preparando a projecção do filme de Tomás Maia e André Maranha Éden. O filme desta Terra (com edição de livro e DVD da editora Documenta, a apresentar no dia 3 de Novembro), uma obra de inspiração hölderliniana e com evidentes afinidades com o universo de Maria Gabriela Llansol, falou-se no passado sábado, dia 20, de Hölderlin em Llansol, leram-se excertos dos cadernos inéditos que documentam a passagem de Hölderlin pela escrita de Llansol, e passámos o filme de Daniel Ribeiro Duarte Hölder, feito para a exposição do CCB em 2011. E démos ainda a ver muitas páginas manuscritas e livros da biblioteca pessoal de M. G. Llansol com interessante marginalia sobre o poeta.


Como vem acontecendo desde que abrimos a Letra E, a conversa em torno do tema do dia e do filme do Daniel prolongou-se, com a participação das pessoas presentes, em especial do autor do filme que iremos ver, e também da editora de Hölder de Hölderlin, Maria Rolim, que evocou a sua relação pessoal com Maria Gabriela Llansol e alguns episódios ligados à escrita deste livro no início dos anos noventa.
Houve ainda tempo para uma evocação e homenagem ao poeta e amigo Manuel António Pina, que na véspera da sessão nos deixara, partindo para a grande viagem. Lemos dois poemas, um de Hölderlin, outro do Manuel António Pina, que têm o mesmo título e mutuamente se iluminam:



12.10.12

FILME SOBRE LLANSOL NO DOC LISBOA

Saiu hoje o programa do DocLisboa'12, a maior e mais prestigiada mostra de filmes documentários que acontece em Portugal, este ano entre 18 e 28 de Outubro, em oito salas diferentes. Entre cerca de duas centenas de filmes seleccionados encontra-se o de Daniel Ribeiro Duarte, «Encontro com S. João da Cruz», feito originalmente para as Terceiras Jornadas Llansolianas de Sintra, em 2011, e entretanto também disponível no DVD que acompanha o livro que recentemente apresentámos, Llansol: A luminosa vida dos objectos (edição da Mariposa Azual: http://amariposa.net).




O filme de Daniel Ribeiro Duarte passa na Culturgest, nos dias 21 de Outubro às 21.30 h (no Grande Auditório) e 25 de Outubro às 16.15 h no Pequeno Auditório).

11.10.12

O PROGRAMA DA «LETRA E» 
PARA ESTE OUTONO

A partir do dia 20 de Outubro voltaremos às actividades da «Letra E» do Espaço Llansol, com duas sessões duplas, cujos conteúdos poderão ser vistos no programa abaixo, clicando na imagem.
As duas primeiras estarão sob o signo de Hölderlin em Llansol, com palestras, filmes, leituras e exposição de peças do espólio ligadas a esta figura. A primeira, no dia 20 de Outubro, como sempre às 17 horas, tem o programa seguinte:


 Esperamos por todos ma Letra E, o lugar onde o universo de Llansol ganha mais visibilidade pública.

8.10.12

QUARTAS JORNADAS DE SINTRA:
O RESUMO


As Quartas Jornadas Llansolianas de Sintra, este ano dedicadas à presença e à história das figuras de Lisboaleipzig na Obra de Llansol, trouxeram a Sintra largas dezenas de pessoas interessadas, e um elenco de colaboradores que uma vez mais permitiram preencher esses dois dias com momentos muito diversificados, com formas de intervenção que passaram pela reflexão e discussão de legentes portugueses e brasileiros em torno do tema deste ano e, como sempre procuramos fazer, abriram para domínios artísticos com os quais o texto de Maria Gabriela Llansol desde cedo se relacionou.
Ilda David apresentou uma pequena selecção de obras em curso, destinadas à reedição de Lisboaleipzig:



Daniel Ribeiro Duarte mostrou mais um filme (Ao Lugar de Herbais) feito a partir de materiais do espólio (fotografias, cadernos, livros) e de filmagens na Bélgica, documentando os anos de Llansol em Herbais, aqueles que viram nascer o projecto Lisboaleipzig e a ocupação com a figura de Pessoa/Aossê:


O CEM-Centro em Movimento, de Lisboa, trouxe-nos uma performance em tudo llansoliana, em que o movimento, o corpo e a luz se completavam e desafiavam mutuamente:




O compositor João Madureira mostrou-nos, numa intervenção aliciantemente didáctica e iluminante, como a estrutura composicional da música de Bach se aproxima surpreendentemente do trabalho com a linguagem no texto de Maria Gabriela Llansol:


E os solistas do Festival Cantabile (numa parceria feliz com o Goethe-Institut de Lisboa) encerraram as Jornadas com um concerto sublime e rigoroso em que se pôde ouvir e sentir o que João Madureira antes mostrara:



As comunicações que pudémos ouvir no sábado e no domingo abarcaram um espectro largo de aspectos do «complexo Pessoa» em Llansol, pela voz de «llansolianos» e «pessoanos» que iluminaram problemas ligados aos espólios dos dois autores (João Barrento, Manuela Parreira da Silva e Ana de Freitas), linhas de leitura diversas de Lisboaleipzig e outros livros em que a presença de Pessoa/Aossê é dominante (Jorge Fernandes da Silveira, Silvina Rodrigues Lopes, Paola Poma, Cristiana Vasconcelos Rodrigues), até à problemática mais particular, e ainda inexplorada, da relação entre heterónimo pessoano e figura llansoliana (Maria Etelvina Santos):



E tivémos ainda ocasião de ouvir o escritor e professor Paulo Sarmento discorrer sobre o sentido dos objectos nesta Obra (e noutras, em particular de filósofos), a propósito do livro Llansol: A Luminosa Vida dos Objectos (Mariposa Azual), apresentado nestas jornadas (ver também a nossa apresentação do livro no dia 24 de Setembro, aqui: http://espacollansol.blogspot.pt/2012/09/llansol-luminosa-vida-dos-objectos-em.html):


Re-capitulámos assim – isto é, preenchemos novos capítulos – a longa e dispersa e fabulosa história de trinta anos de escrita de Llansol em torno das figuras de Aossê, Bach e a sua grande família, Baruch Spinoza e Infausta, prolongando-a pela palavra, pela imagem, pelo som, pelo movimento.
Uma pequena parte dessa história foi mostrada, com documentos do espólio de Maria Gabriela Llansol, na «Letra E» do Espaço Llansol, e pode ser seguida no vídeo abaixo:



(Fotos: Teresa Huertas, Maria Etelvina Santos, Helena Guerreiro Alves e João Barrento | Video: João Barrento)

2.10.12

LLANSOL - RUY BELO - GONÇALO M. TAVARES
Três tempos, três afectos

O Centro de Estudos Portugueses do Departamento de Linguística, Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba (Brasil) organiza no dia 8 de Outubro uma sessão em torno da Obra destes três autores portugueses, com participação dos professores e escritores Júlia Studart, Davi Pessoa e Manoel Ricardo de Lima.
Llansol não podia estar em melhor companhia!