8.9.25

 «PNEUMA» - A RESPIRAÇÃO DA OBRA

Com a artista Juju Bento

Retomamos as nossas sessões públicas no próximo dia 20 de Setembro, pelas 16 horas, com a artista portuguesa da novíssima geração Juju Bento, vencedora, em 2024, do Prémio «O Texto Vivo», inspirado na Obra de Maria Gabriela Llansol, no âmbito do Festival Literário FOLIO.

Apresentaremos (em video) a instalação de Juju Bento então vista em Óbidos, com o título A Baía do Ar (derivado de uma passagem do livro de Llansol Lisboaleipzig). E a artista concebeu agora expressamente para esta nossa sessão uma outra instalação que poderá ser vista no Espaço Llansol: Sopra um Modo de Morrer. Este trabalho vem na linha do anterior, com o tema da respiração (da natureza, das palavras, das obras) em lugar central.

Em conversa com João Barrento, a artista comentará estas suas obras e o seu interesse pelos temas — também muito llansolianos — do sopro, do respirar do mundo, do batimento cardíaco, que têm inspirado os seus trabalhos mais recentes, expostos em Portugal, na Suécia e na Dinamarca — sempre à sombra do Texto de de Llansol.

Teremos o habitual Caderno a acompanhar a sessão, documentando a obra vencedora do Prémio com textos de Llansol, Juju Bento e João Barrento, a memória descritiva do projecto, o caderno preparatório da artista e fotografias da instalação no Centro de Design de Interiores-CDI, em Óbidos.

1.9.25

 O NOVO LIVRO DE HORAS

Estarão disponíveis nas livrarias (e na Feira do Livro do Porto) a partir do dia 4 de Setembro dois Livros de Horas de Maria Gabriela Llansol: o último (A Floresta das Intensidades. Livro de Horas X. 1991-1995) e a reedição do primeiro, Uma Data em Cada Mão, há muito esgotado.


O período coberto por este décimo Livro de Horas — que parte ainda da casa de Colares que fora o centro dos primeiros anos depois do regresso do exílio, e chegará à nova casa de Sintra em Abril de 1994 — vai dando a ler a «inarrativa» de uma vida, à margem da «vida real» (mas sem dela desviar o olhar), num convívio preferencial com plantas, animais, muitos objectos agora herdados e que se transformarão, eles também, em vivos e figuras textuais.

Uma vez publicado, no final de 1990, esse livro maior que foi Um Beijo Dado Mais Tarde, os dias são agora mais preenchidos e amplificados por uma escrita centrada no encontro com outros: as traduções de poetas — Emily Dickinson, Rilke, Hölderlin, vários poetas franceses da Modernidade, de Baudelaire a Rimbaud, de Verlaine a Paul Éluard — marcam também este tempo de convívio entre línguas e mundos. O tempo da «potência de autonomamente estar só».


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Este primeiro volume de uma aventura iniciada há dezasseis anos cobre os anos do exílio de 1972 a 1977, e apresentava-se assim, nas palavras da autora:

«___________ a primeira imagem do Diário não é, para mim, o repouso na vida quotidiana, mas uma constelação de imagens, caminhando todas as constelações umas sobre as outras. Qualquer aprendiz imagético, quando sobe ao meu quarto e atravessa o meu escritório, tem o sentimento de que 'um belo lixo de imagens se criou aqui?. Se for menos inocente dirá: 'que belo luxo de imagens'. Eu diria: aqui está a raiz de qualquer livro».