28.12.12

 LLANSOL NO NOVO ANO: 
«A VONTADE DE ARQUIVO»

Nos milhares de páginas de cadernos, agendas, folhas dactiloscritas e papéis avulsos de toda a ordem que nos deixou, Maria Gabriela Llansol anota com frequência interessantes reflexões sobre a necessidade e o fascínio do «arquivo», faz listas de cadernos, livros e dossiers a organizar (seus e de Augusto Joaquim), antecipa o que poderá ser a sua casa, e tudo o que ela contém, depois da sua passagem. Essa «vontade de arquivo e catalogação» permite que o informe ganhe forma e novos livros nasçam, que aquilo que poderia perder-se não se perca, que o lugar do arquivo se transforme em pensamento vivo e, «audaciando-se» esse pensamento, a casa seja o contrário do museu e a Obra possa «ficar em toda a parte». 
É isso que nos move no trabalho que fazemos, continuando o seu, que foi, ele mesmo, também trabalho de arquivo e preservação, num outro «jardim que o pensamento permite», promessa e garantia de futuro para o seu texto.


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12.12.12

DUAS VEZES LLANSOL: 
LETRA E DISCURSO, 
LINGUAGEM E CORPO

Dois trabalhos académicos novos, duas análises diferentes e complementares do texto de Maria Gabriela Llansol. O livro de Elisa Arreguy Maia Textualidade Llansol: Literatura e psicanálise (originalmente uma tese de doutoramento na Universidade Federal de Minas Gerais, de 2005), acaba de sair na editora Scriptum, de Belo Horizonte, onde será apresentado no dia 15 de Dezembro. Como se pode ler no press release da editora, o livro detém-se «na questão da letra e na função da escrita, nas relações entre estética e ética, na noção psicanalítica de "discurso" e, ainda, na operação de suplência ao Nome-do-pai e na questão do "sinthoma", tão caras à clínica da psicanálise». 
 

Por sua vez, Bernardo Bethonico, colaborador do Espaço Llansol (onde ordenou todo o arquivo de correspondência) e membro do C.E.M.- Centro em Movimento, de Lisboa, defende no dia 17, às 14.30 h. na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a sua tese de Mestrado, orientada pela Profª Silvina Rodrigues Lopes, que intitulou A Voz Começante de Maria Gabriela Llansol, . O autor discute no trabalho, a partir de Onde Vais, Drama-Poesia?,  aspectos da obra llansoliana como «a intersecção linguagem/corpo como campo desconhecido sempre a começar», a «impostura da língua e o discurso como potencial dissimulador da presença corporal», a «leitura como participação "improvável" em outras formas de corpo» ou «o poético como o aqui-agora da performance».

1.12.12

DE EDUARDO PRADO COELHO PARA 
MARIA GABRIELA LLANSOL:
«A DUPLA VIDA DE VÉRONIQUE»

Depois de termos falado, no dia 24 de Novembro, da relação ímpar entre M. G. Llansol e Eduardo Prado Coelho, vamos ver, no próximo sábado, 8 de Dezembro, o filme que o Eduardo gostaria de ter dado a Maria Gabriela. E tentar perceber porquê, e falar disso, com todos os que quiserem vir à «Letra E».
Pode a matéria de um filme (de um livro) ser o enigma, «a áspera matéria do enigma» de onde nasce o «drama-poesia»? Llansol há muito que respondeu afirmativamente: «não há leitura sem o enigma da espera» (Os Cantores de Leitura) e «o fulgor oscilante da leitura... é o verso e reverso deste enigma sem nenhum mistério contundente» (Amigo e Amiga). Dar ouvidos (e olhos) ao enigma, pode ser a matéria deste filme de Kieslowski, ao confrontar uma mulher com a mais enigmática e inquietante presença que nos chama, a do duplo, do outro de nós.


(Continua na «Letra E» a exposição de materiais do espólio – cartas, postais, livros, os textos de jornal de EPC – que documenta a ligação de Llansol com Eduardo Prado Coelho).