DANÇAR COMO QUEM LÊ
O grupo de doze mulheres vindas de Lugo/Galiza para nos comentar e mostrar a sua experiência de ler-dançar Llansol proporcionou-nos ontem uma tarde inesquecível. Numa primeira parte, Nieves Neira e o seu grupo falaram-nos deste projecto singular, mostraram um video que documenta a sua actuação nos claustros da catedral de Lugo em 2018, e apresentaram o livro Fulgor, onde reunem os fragmentos de Llansol que vamos ouvindo na leitura dançada que imaginaram.
O livrinho é uma preciosidade, e saiu numa editora (animada por duas das «beguinas de Lugo», María Grandío e Nieves Neira), com um nome – ÁMBOA – e uma história carregados de ecos, que podemos ler no marcador que acompanha o livro. E o azul forte que o atravessa é também o da gravura, em azul da Prússia, que acompanhou o lançamento do livro, uma obra de María Corral Fernández.
O desdobrável que distribuímos na sessão de ontem dá conta, nas palavras de Nieves Neira, que abrem o livrinho, deste modo singular de apropriação afectiva e artística das palavras de Maria Gabriela Llansol, num gesto de amor sive legens (que é o título, llansoliano, da introdução de Nieves Neira).
Depois, foi o belo espectáculo no pátio da Casa de Julho e Agosto, por entre objectos, panos, plantas deixados pela Maria Gabriela. Uma movimentação dinâmica que encheu o pátio de fragmentos, frases soltas, perguntas, repetições, de textos vindos dos mais diversos livros, que o corpo e a sensibilidade de cada uma das leitoras dançantes deles retirava. A sequência de fotos e a breve montagem em video dirão ainda melhor o que foi este belo momento, que encerrou as nossas actividades antes da pausa de Verão.